Pedro e os Carrinhos

 
 


Pedro é um menino sonhador.
Tem 6 anos mas só brinca com carros.

Não gosta de jogar à bola com o irmão mais velho, nem com os quatro primos que vão muitas vezes a sua casa.
 
 
O primeiro carrinho que viu foi o que via de pernas para o ar no babete azul que a mãe lhe comprou ainda antes de nascer. Nesse momento até pensou que os carros andavam todos assim, virados ao contrário.
O babete tinha de ser azul, pois os da irmã gémea, a Joaninha, por ser menina, eram todos cor-de-rosa.

 
Quando a mãe punha outro babete azul, sem ser o do carro, a papa não sabia tão bem ao Pedro. Parecia que lhe faltava alguma coisa. Não via o carro e começava a choramingar e a gemer pondo o dedo pequenino em cima do peito chamando assim a atenção da mãe ou da avó para a falta do popó.



Também deitou algumas lagrimitas quando se apercebeu que não havia chuchas em forma de carrinhos. Era uma pena!




Mas havia aquele tecido fofinho onde se deitava depois de tomar um banho quentinho e o punham de barriga para baixo. À sua frente via camionetas, autocarros e, claro carrinhos que era do que ele gostava mais. O toalhão também tinha barcos, mas a esses o Pedro não ligava nada.

No banho também gostava muito de brincar com aquele carro que faz de barco e anda no chão e na banheira.



Quando já se conseguia sentar, os pais arranjaram um carro onde o punham. Isso é que ele gostava. Ainda não falava mas punha-se aos pulos no banco e fazia piiiii, piiii.
 
 

Mais ao menos pela mesma altura, ainda pequeno, quando o sentavam para comer na cadeira, ao lado da mana estava sempre atento para não lhe trocarem o prato da comida. O dele tinha os habituais carros. Aquele com bonecas era da mana. Não podia haver confusão.
 
 

Já depois de comer, às vezes ainda ficava sentado na cadeira e com gestos, chamava a atenção de quem estivesse perto, para lhe colocar aquele volante de plástico com buzina.
 
 
Assim que estava colado à sua frente, agarrava nele e acompanhava o virar, para um lado e para o outro, com um vruuum, vruuum, como se fosse a alta velocidade.
Pedro foi crescendo e quando começou a fazer desenhos, enquanto os outros miúdos faziam desenhos de casas, da mãe, do pai, dos irmãos, do cão, das flores, do sol ou das estrelas, ele só fazia de carrinhos.
Alguns dos desenhos, recortava-os do papel e brincava com eles no tapete, cheio de carros, que ocupava uma parte do chão do seu quarto azul.
 
 

Pedro quando começou a querer imitar o irmão mais velho de dois anos a escrever, as primeiras letras que aprendeu foi o p e o o, porque eram as que davam para escrever popo. O irmão corrigia e dizia que era popó. E Pedro, todo contente, respondia que o acento do o para dar popó, era como se a palavra buzinasse.
 
 
Continuou a fazer imensos desenhos e a escrever por todo o lado a palavra popó e depois carro. De tal modo que a mãe dizia que qualquer dia não havia garagem que chegasse para guardar tanto carrinho.
Às vezes Pedro empurrava o carrinho predilecto com força para ele ir para muito longe e ficava a olhar para ele, com um ar muito pensador e de quem magicava alguma coisa.

Depois ia ao sítio onde ele tinha parado, virava-o e devolvia-o ao lugar de onde tinha partido. Ficava outra vez, quieto a olhar para o carro.

O que o perturbava, ou melhor o que o intrigava era como resolver aquilo. Ou seja todos os carros iam a algum lado, mas voltavam sempre ao sítio de onde tinham partido.
 


Como fazia todos os dias foi buscar um papel e um lápis. Sentou-se no chão a olhar para o branco e arranjou uma solução.
Desenhou um carro igual à frente e atrás. Pôs um volante virado para cada lado. Estava solucionado o problema do ir e do voltar.

Pedro tinha desenhado o carro do futuro!
 
 

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