Quando falamos de um livro, falamos principalmente porque que nos tocou positivamente ou por ser uma desilusão. Geralmente estes últimos não os lemos até ao fim, por não valerem o tempo perdido. Mas os piores são os que nos deixam indiferentes.
Os outros são aqueles que em certos
momentos da nossa vida nos tocam por uma razão ou por outra. Porque têm a ver
com as nossas experiências de vida, ou porque nos transporta para um mundo que
desconhecemos, mas que nos encanta e maravilha.
Mas também pode acontecer que queiramos
oferecer e aconselhar um livro pelo facto de termos tido uma participação
directa nele.
É isso que pode acontecer quando uma
pessoa, que nos é próxima, que padeceu de uma doença prolongada, vulgo cancro,
nos pede, uma semana antes de falecer, que o projecto pessoal de edição do livro
seja levado até ao fim, mesmo após a sua morte.
O
livro estava adormecido numa gaveta, e, quando foi detectada a doença,
todos os mais chegados à autora incentivaram que ele fosse trabalhado até o
acabar.
Foi uma maneira dela estar ocupada e
desviar a cabeça para pensamentos positivos. A sua finalização foi um trabalho
de equipa. Fazer a introdução explicativa do tema do livro, passar as
entrevistas a colegas de profissão para computador, editar as respostas de
forma a terem coerência, a biografia da autora, a escolha das fotografias, o
aspecto gráfico, etc.
Mas foi essencialmente um trabalho em
que todos os que colaboraram estiveram unidos para proporcionar sentimentos de
segurança e tranquilidade numa fase difícil da vida.
O
livro permitiu conhecer melhor o mundo artístico (as artes
performativas) que, por vezes, nos passa ao lado, por sermos meros espectadores,
e onde a autora era uma profissional competente e reconhecida pela sua exigência
de qualidade e empenhamento profissional.
O
livro permitiu conhecer e ganhar uma série de verdadeiros e novos
amigos, que são aqueles que se conhecem nos momentos mais importantes.
O
livro permitiu saber que devemos levar os nossos projectos e sonhos
para a frente e não os fechar numa gaveta, pois podem ser concretizados tarde
demais.
O
livro prometido foi o livro que uma familiar muito próxima, falecida no
início de 2010, no auge da sua vida, não viu, e me “obrigou” a não esquecer.
O
livro, como todos, tem um título: “…”.
Sem comentários:
Enviar um comentário
a sua opinião